29 ABR 2025
Um grupo de opositores ao regime de Nicolás Maduro, refugiados desde março de 2024 na Embaixada da Argentina em Caracas, atualmente sob administração do Brasil, divulgou nessa segunda-feira (28) uma carta endereçada ao presidente Lula da Silva (PT) cobrando uma solução urgente para sua situação. Os asilados denunciam abandono, condições precárias e falta de ação do governo brasileiro para garantir salvo-condutos que permitam sua saída segura da Venezuela.
Segundo a carta, o grupo está há 404 dias dentro da sede diplomática, vivendo há mais de cinco meses sem eletricidade e água corrente, sob ameaças e cerco policial que violam a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. O Brasil assumiu o controle da representação argentina na Venezuela em 1º de agosto de 2024, após a expulsão dos diplomatas do país vizinho, e desde então é o responsável pela missão onde os asilados estão abrigados.
“Hoje, a bandeira do Brasil é humilhada, assim como nós somos humilhados diariamente dentro desta embaixada, que se tornou uma prisão”, afirmam os asilados.
Na carta, os refugiados políticos pedem que Lula exija com “clareza e rapidez” os salvo-condutos das autoridades venezuelanas, denunciando o silêncio do governo brasileiro e comparando sua situação com a de outros casos em que o Planalto agiu com celeridade, inclusive envolvendo pessoas processadas ou condenadas por crimes graves.
A situação gerou reação nas redes sociais. O senador Sergio Moro (União-PR) cobrou o Ministério das Relações Exteriores e criticou o que considera tratamento desigual:
“Atenção @ItamaratyGovBr. Os asilados na embaixada sob a administração do Brasil precisam de um salvo-conduto para deixar a Venezuela. Eles, sim, e não Nadine Heredia, merecem os diplomatas do Brasil.”
A menção de Moro refere-se ao recente episódio envolvendo a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, que obteve abrigo diplomático na Embaixada do Brasil em Lima. Heredia responde a investigações por corrupção em seu país.
Os asilados em Caracas concluíram a carta pedindo ao presidente Lula que lidere uma solução e reafirme o compromisso histórico do Brasil com os direitos humanos:
“A luta pelos direitos humanos não pode ser subordinada a conveniências políticas. É imperativo encontrar uma solução para pôr fim a esta situação terrível, que a cada dia mais afeta nossa saúde física, mental e emocional.”
Até o momento, o governo brasileiro não se manifestou oficialmente sobre a carta nem sobre a cobrança feita pelo senador.
Autor(a): BZN