Política

Você sabia que no Brasil existe prisão perpétua?

21 MAI 2025

Foto: BZN

Sim, ela existe, mas não para quem comete o crime. No Brasil, a prisão perpétua é silenciosa, invisível ao Código Penal, mas cruelmente sentida por famílias que perdem entes queridos de forma brutal, muitas vezes no trânsito, vítimas da irresponsabilidade alheia.


Enquanto o condutor embriagado, em alta velocidade ou simplesmente imprudente tem o direito de pagar fiança e responder em liberdade, a família da vítima inicia uma pena sem fim: a de viver com a ausência. Essa é a verdadeira prisão perpétua.


Não há alvará de soltura para a saudade. Não há progressão de regime para a dor de não ouvir mais uma voz, não dar mais o abraço carinhoso, não ver mais um sorriso. Para quem perde um filho, um irmão, um pai ou uma mãe, a sentença é a convivência eterna com o vazio, um castigo que não foi escolhido, nem merecido.


A ironia mais cruel? O valor da fiança, pago para garantir a liberdade de quem provocou essa dor irreparável, não vai, por exemplo, para a família arcar com as despesas do funeral, do luto, da vida que foi destruída. Vai para o Estado. Vai para os cofres públicos. Vai para o sistema que insiste em dizer que a vida humana tem preço, e um preço acessível para quem pode pagar.


A justiça se apresenta como técnica, imparcial. Mas, na prática, parece proteger quem tem meios e deixar órfãos de amparo aqueles que só têm o amor perdido. É a balança que pesa mais para o lado de quem permanece vivo, ainda que responsável pela morte de outro.


O Brasil proíbe a prisão perpétua em sua Constituição. Mas ela existe. Está na alma das mães que enterraram filhos, nos quartos que ficaram fechados, nos aniversários que nunca mais serão comemorados.


A pergunta que insistr: até quando vamos fingir que justiça foi feita, quando o preço da liberdade de um custa a prisão vitalícia do outro?

Autor(a): BZN



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