Cultura

Raul Capitão: potiguar que foi do sertão à fortuna e excentricidades, como sentar em sacos de dinheiro

05 JUL 2025

Foto: Jornalistas americanos vieram ao RN entrevistar Raul Capitão, sentado em sacos de scheelita, que significava dinheiro vivo

Poucos personagens da vida real renderiam um roteiro tão cinematográfico quanto Raul Capitão, o potiguar que saiu da roça para se tornar milionário da noite para o dia, criar uma onça como animal de estimação, frequentar bares pagando a conta de todos e acabar os dias como condenado por assassinato. A Revista BZZZ resgatou sua história em uma reportagem de fôlego publicada em março de 2014.


Do sertão à fortuna


Nascido Raul Pereira da Silva, em Lajes (RN), Capitão herdou o apelido do pai, Joaquim Capitão. Levava uma vida simples, até que em 1967 descobriu na Fazenda Bonfim uma pedra diferente. Era scheelita, minério usado para dar liga ao ferro, e o bilhete dourado para a riqueza.


A exploração era intensa: cerca de 45 toneladas por semana saíam da região. Comprou terras, casas, e bancou estudos para os filhos. Chegou a ter tantas propriedades que “era possível andar de Lajes a São Tomé sem sair de suas terras”.


Excentricidade e generosidade


Raul Capitão tinha gosto por tudo que fosse incomum. Criou uma onça resgatada de um circo, que passeava com ele pela cidade em um carro adaptado. Tinha cavalos campeões de vaquejada, um bode vindo de avião direto de Fernando de Noronha e bois que montavam sozinhos na carroça.


Com fama de “pagador de contas”, costumava entrar em bares, bancar tudo e mandar o recado: “Diga que Raul Capitão passou por aqui”. Também ajudava famílias pobres a comprar comida, só bastava citar seu nome.


Causos e mitos


Entre os causos mais repetidos está o da vez em que quis comprar um quadro de uma pantera num bar. O dono negou-se. Raul Capitão respondeu mandando abrir o banco: “Tiro o dinheiro todinho, mas o quadro vai ser meu”. E foi.


Com pavio curto, certa vez recusou-se a afastar a mesa da parede, mesmo batendo o braço nela todos os dias. Mandou abrir um buraco na parede.


A queda: álcool, praga e prisão


O declínio veio com o alcoolismo, que começou por volta dos 55 anos. Depois, perdeu tudo com a queda do preço da scheelita e a devastação do algodão pela praga do bicudo. Por fim, veio a tragédia: apaixonado por Valda, sua amante, cometeu um assassinato por ciúmes em Poço Branco. A vítima foi Paulinho Baé, morto por engano. O alvo era Ivan Cardoso, pai do deputado estadual Gustavo Carvalho.


Condenado a 26 anos de prisão, Raul Capitão pouco ficou na cela. Passava fins de semana fora, e acabou nunca mais voltando. Distribuiu o que restava da fortuna para facilitar a liberdade.


O fim de uma lenda


Morreu aos 78 anos, dormindo, na chácara da família, sem dívidas e sem alarde. Deixou herdeiros, histórias e um legado de excessos, tragédias e generosidade que ainda vive no imaginário do povo potiguar.


Para ler a reportagem completa clique aqui.




Autor(a): BZN



últimas notícias