28 JUL 2025
No Brasil, até os assassinos mais cruéis se sentem à vontade para afrontar o sistema de Justiça. O caso de Jorge Bezerra da Silva é um retrato perverso dessa realidade. Condenado a 29 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato brutal de sua ex-companheira, Priscilla Monnick Laurindo da Silva, o réu usou o plenário do júri não para se defender, mas para ameaçar o promotor e prometer matar a irmã da vítima.
“Com quase 30 anos de magistratura, nunca vi tamanha petulância”, afirmou o juiz Abner Apolinário, visivelmente indignado com a cena de afronta ocorrida sexta-feira (25), no Fórum Thomaz de Aquino, no Recife (PE). O magistrado ainda destacou a crueldade do crime e o contexto cultural que o cerca: “Quem ama não mata. O feminicídio coisifica a mulher como um troféu abominável do machismo”.
Jorge não só matou, como desafiou a Justiça, e saiu dizendo que voltará a matar.
Em janeiro de 2022, ele esfaqueou e asfixiou Priscilla, de apenas 26 anos, no bairro do Zumbi. O corpo foi encontrado pelos próprios familiares, ao lado da filha do casal, uma bebê de 10 meses. O réu fugiu e só foi preso oito meses depois, em Santa Cruz do Capibaribe. Detalhe que revolta ainda mais: ele já respondia por tentativa de feminicídio contra a mesma mulher.
Considerando os benefícios da execução penal brasileira, é possível que Jorge esteja em liberdade antes mesmo de cumprir metade da pena, mesmo depois de prometer novo crime na frente do juiz.
O recado de Jorge foi claro: ele não teme a toga. Ele confia na impunidade.
Esse tipo de postura violenta e desafiadora só é possível porque o Brasil ainda falha em combater a reincidência, endurecer penas, proteger vítimas e, sobretudo, tratar o feminicídio como o crime hediondo que ele, e com consequências reais e duradouras.
Autor(a): BZN