História contada pelo historiador Anderson Tavares de Lyra na Revista BZZZ que está nas bancas do Tota e do Largo do Atheneu, em Natal.

O aeronauta Augusto Severo, natural de Macahyba, é conhecido mundialmente por sua ousadia nos céus de Paris e pela trágica morte durante evoluções com seu dirigível Pax, em 12 de maio de 1902. Menos se sabe, porém, sobre os acontecimentos que se seguiram à sua morte e o traslado de seu corpo para o Brasil, detalhes que o historiador Anderson Tavares de Lyra revela na BZZZ.

Após o acidente, o corpo de Severo foi embalsamado pelo médico francês Bensande e envolto em retalho de seda do balão, permanecendo em câmara ardente na residência da família em Paris. O funeral local ocorreu na igreja de San Pierre de Chaillot, com presença de Santos Dumont, que também contribuiu financeiramente para auxiliar a viúva e os filhos.

Em 29 de maio de 1902, a família embarcou para o Brasil, chegando ao país em 16 de junho. O corpo foi recebido no Arsenal da Marinha, carregado por marinheiros e colocado sobre um catafalco ornamentado, cercado de coroas e grinaldas. Notas detalhadas do deputado Augusto Tavares de Lyra descrevem o caixão duplo — de madeira e de zinco, com vidro na altura do rosto, permitindo que familiares contemplassem o aeronauta.

O velório e exéquias solenes ocorreram na Câmara dos Deputados e na Igreja da Candelária, antes do sepultamento no Cemitério de São João Batista, em Botafogo. O terreno do túmulo foi adquirido pelo amigo Coronel Carlos Leite Ribeiro, presidente da comissão executiva das exéquias e do monumento, e doado posteriormente ao Centro Norte-Rio-Grandense.

A obra que eterniza o aeronauta é um monumento em mármore piramidal, inaugurado em 18 de setembro de 1904, com medalhão de Severo e dois baixos-relevos representando o balão Pax e a frase em latim “Sidera vincere conatus, vicit mortem”. A construção foi possível graças a uma subscrição popular, coordenada por uma comissão formada por militares, juristas e cidadãos influentes, demonstrando a reverência da sociedade brasileira ao pioneiro da aviação.

Para Anderson Tavares de Lyra, a história póstuma de Augusto Severo mostra que o legado de um homem de ciência e coragem vai muito além de sua vida, refletindo a memória nacional preservada em mármore, honra e reconhecimento público.

Autor(a): BZN