Política

Quando o nome da UFRN é usado indevidamente em manifesto político e pode se voltar contra Brisa Bracchi

05 SET 2025

Foto: Reprodução/Redes sociais

O 'Manifesto da UFRN em Defesa da Democracia, da Cultura e do Mandato Popular de Brisa Bracchi' usa indevidamente o nome da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e demonstra um exemplo claro de como não se deve lidar com instituições públicas. Ao colocar o nome da UFRN, o documento cria a falsa impressão de que a instituição federal oficialmente apoia a vereadora do PT, alvo de processo de cassação por suposto uso indevido de verba pública. 

Ao repercutir o documento em suas redes sociais, Brisa contribui para reforçar a falsa impressão de que a UFRN a apoia oficialmente, o que é incorreto e eticamente problemático.  A universidade ainda não manifestou-se.

O manifesto, mais do que um apoio à parlamentar, é um tiro no próprio pé: ao associar indevidamente Brisa à UFRN, expõe a vereadora a críticas adicionais, questionamentos legais e constrangimentos públicos. Usar o prestígio de uma instituição pública para reforçar uma disputa política pessoal é, na melhor das hipóteses, ingenuidade; na pior, é irresponsabilidade.

Além disso, o tom grandiloquente do manifesto, que invoca termos como “violência política de gênero”, “ataque à democracia” e “defesa da cultura”, tenta transformar uma questão administrativa e de investigação do Ministério Público em um drama ético de proporções épicas. 

O efeito prático? Mais polêmica e mais complicações para Brisa, sem que a UFRN tenha qualquer participação legítima ou interesse nesse debate.

Em suma, longe de fortalecer Brisa Bracchi, o manifesto transforma sua defesa em um gesto arriscado, que mistura política partidária com o nome de uma instituição pública. 

A ironia é evidente: quanto maior a tentativa de usar a UFRN como escudo, maior o risco de desgastar ainda mais sua imagem de usar o bem público em favor da sua política-partidária.

O manifesto:

Manifesto da UFRN em Defesa da Democracia, da Cultura e do Mandato Popular de Brisa Bracchi

“E não há quem ponha um ponto final na história”.

Conceição Evaristo, em “Do Velho ao Jovem”.

Nós, abaixo-assinados, nos dirigimos à sociedade potiguar e brasileira para manifestar nossa solidariedade à vereadora Brisa Bracchi (PT-Natal), atual líder da Oposição na Câmara Municipal de Natal, que hoje é alvo de um processo de cassação aberto em tempo recorde, sem fundamentos jurídicos consistentes e carregado de motivações políticas.

Não se trata de coincidência. É retaliação. Brisa cumpre com firmeza e responsabilidade o papel que cabe a uma parlamentar: fiscalizar o poder público, denunciar irregularidades, defender os interesses do povo e da cultura popular. Sua atuação, reconhecida pela transparência e legitimada por uma votação expressiva de mais de 6.900 votos, desagrada aos que tentam impor silêncio e autoritarismo na vida política da cidade.

A acusação de uso indevido de recursos é falaciosa. Todos os apoios a eventos culturais propostos pela comunidade seguiram os trâmites legais, com parecer jurídico da Prefeitura favorável e execução regular. Não há nada de pessoal ou partidário: há, sim, a defesa da cultura de Natal e do direito do povo à arte e à celebração. O que se vê, na verdade, é a repetição de uma estratégia já conhecida em várias partes do país: criminalizar mandatos populares, sobretudo os de esquerda, que ousam enfrentar privilégios e defender a cultura, a democracia e os direitos do povo.

O que está em curso é violência política de gênero. Diante desse cenário, declaramos: a tentativa de cassar Brisa é uma tentativa de cassar a própria democracia. É um ataque contra a cultura, contra a liberdade de expressão e contra o direito das mulheres de ocuparem espaços de poder sem serem perseguidas.

Por isso, nós convocamos a sociedade a se somar a esta mobilização em defesa de Brisa Bracchi. Sua luta é a nossa luta. Não aceitaremos o silêncio imposto pela intimidação, nem a criminalização da política feita com coragem, ética e compromisso popular.

Brisa fica. A democracia resiste.

Autor(a): BZN



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