Polícia

Operação prende advogados de cinco estados por suspeita de golpe contra mais de mil idosos

23 JUL 2025

Foto: Ministério Público de Santa Catarina

Seis advogados foram presos nessa terça-feira (22) durante a Operação Entre Lobos, deflagrada por forças-tarefa dos Grupos de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de cinco estados brasileiros. A ação, coordenada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), cumpriu 13 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão em 13 cidades de Alagoas, Bahia, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A operação investiga uma organização criminosa suspeita de lesar mais de mil idosos, com prejuízos que podem ultrapassar R$ 30 milhões. Até o momento, 215 vítimas já foram identificadas, com perdas comprovadas de pelo menos R$ 5 milhões. A idade média das vítimas é de 69 anos.

A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 32 milhões em contas bancárias e a apreensão de 25 veículos ligados aos investigados.

Cinco dos seis advogados presos atuavam como líderes do esquema, sendo dois detidos em Fortaleza, dois em Salvador e um em Chapecó (SC). Um dos advogados é apontado como mentor intelectual da quadrilha, responsável pela parte operacional e digital do golpe.

A quadrilha operava por meio de abordagens presenciais e online, utilizando o falso Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista para atrair vítimas. Os idosos eram levados a assinar contratos de cessão de crédito judicial em valores muito abaixo dos que tinham direito a receber em ações judiciais contra bancos.

Esses contratos eram vinculados a duas empresas de fachada: a Ativa Precatórios, com sede em Pinhalzinho (SC), e a BrasilMais Precatórios, de Fortaleza (CE). A organização chegou a atuar com estratégias semelhantes em Alagoas e no Rio Grande do Sul.

Durante as buscas, foram encontradas planilhas detalhadas com informações sobre o controle financeiro da quadrilha, incluindo a divisão de lucros, pagamento de comissões e despesas operacionais. De acordo com os documentos, menos de 10% dos valores conquistados judicialmente eram repassados às vítimas.

Em um dos casos destacados pelo MPSC, uma idosa que teve reconhecido o direito a receber R$ 146 mil recebeu apenas R$ 2,5 mil. Em outro episódio, em Fortaleza, de um total de R$ 5,1 milhões liberados pela Justiça, apenas R$ 503 mil chegaram às mãos das vítimas.

As buscas e apreensões em escritórios de advocacia foram acompanhadas por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em cumprimento às prerrogativas da profissão.

Os envolvidos são investigados pelos crimes de organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e patrocínio infiel — quando o advogado trai a confiança do cliente e atua para prejudicá-lo.

O MPSC segue realizando busca ativa por outras vítimas.

Autor(a): BZN



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