09 MAI 2025
A violência urbana que assola Natal ceifou mais uma vida jovem. Danilo Xavier, de apenas 21 anos, idade recém-completada em março, foi morto durante um assalto em uma assistência técnica no bairro Potengi, zona Norte da capital, na tarde dessa quinta-feira (8).
A morte trágica e precoce ganha contornos mais dolorosos por um paradoxo cruel: Danilo era filho do sargento Daladier, policial do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRv), um dos muitos homens que dedicam a vida à difícil e perigosa missão de combater o crime.
A perda de um filho é, por si só, uma dor que não encontra medida. Mas quando essa morte vem pelas mãos daquilo que se tenta, diariamente, impedir, o crime, a impunidade, a violência, a dor se reveste de um sentimento de impotência, frustração e profunda injustiça.
É uma ferida que vai além da esfera pessoal. Toca toda a corporação, escancara o abismo entre o esforço incansável dos que tentam manter a paz e a realidade cada vez mais brutal de ruas dominadas pelo medo. A morte de Danilo não é apenas uma tragédia familiar, é também um retrato do colapso da segurança pública, em que nem mesmo os filhos dos que usam farda escapam da mira da violência.
No luto de Daladier, há também um grito silencioso: o de um pai que fez tudo certo, que serviu com dignidade, que expôs a própria vida em nome da paz, mas que agora precisa enterrar o filho, vítima do mesmo caos que ele tentou evitar.
É preciso mais do que solidariedade. É preciso compromisso real com políticas públicas que salvem vidas, todas elas, antes que mais pais tenham de enfrentar a dor insuportável de sepultar seus filhos em nome de uma guerra que parece não ter fim.
Autor(a): BZN