10 MAI 2025
O presidente Lula da Silva (PT) tem se afastado perigosamente de uma tradição diplomática que já serviu ao desenvolvimento nacional. Ao subir o tom contra Donald Trump, alinhar-se a Putin e ao presidente comunista chinês, Xi Jinping, e se recusar a classificar facções como PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas, o Brasil começa a trilhar um caminho de isolamento diante da maior potência do planeta. Tudo isso em nome de uma retórica ideológica que ignora a realidade global e os interesses estratégicos do país.
A alegação de que “não há base legal” para declarar como terroristas grupos que traficam armas e drogas, controlam comunidades inteiras e operam internacionalmente é frágil. Leis se adaptam ao interesse nacional, e o Brasil já demonstrou isso.
O historiador Rostand Medeiros lembra que, sob Getúlio Vargas e com a diplomacia hábil de Oswaldo Aranha, o Brasil foi protagonista de uma articulação que transformou a aliança com os Estados Unidos em alavanca de desenvolvimento. Durante a Segunda Guerra Mundial, o país negociou, com inteligência, apoio militar e financeiro em troca de parcerias estratégicas.
Foi assim que nasceu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, com financiamento do Export-Import Bank, marco da industrialização pesada brasileira. Da mesma forma, a Base Aérea de Natal tornou-se peça-chave para a logística militar aliada, e símbolo da inserção do Brasil num esforço global que rendeu frutos duradouros.
No Norte, a chamada Campanha da Borracha reativou a produção amazônica e levou investimentos para infraestrutura, como aeroportos, hospitais e estradas, em estados como o Pará, o Amazonas e Rondônia. Boa parte dessa estrutura ainda sustenta o cotidiano da região. No Nordeste, projetos impulsionados pelos americanos deixaram legados importantes, como a interiorização da presença do Estado e o início de políticas de integração regional.
Hoje, em setores ligados à diplomacia trumpista, já se ventila a ideia de reivindicar o uso histórico da Base de Natal, como forma de relembrar que os EUA investiram pesadamente no Brasil, e que não aceitarão ser tratados como adversários sem consequências. Ainda é especulação, mas claramente um alerta velado: se o Brasil abandonar sua posição estratégica, outros ocuparão o espaço, ou cobrarão a conta.
O governo petista prefere ignorar esses sinais e insiste em manter uma política externa que transforma aliados em rivais e trata ameaças internas com benevolência jurídica. Enquanto isso, o crime organizado se internacionaliza, e o Brasil perde espaço nas grandes mesas de negociação global.
Autor(a): Eliana Lima