03 JUN 2025
O curso promete discutir o conceito de reificação, termo de origem marxista que descreve o processo pelo qual relações sociais passam a ser tratadas como coisas, desumanizando indivíduos e convertendo-os em objetos funcionais do sistema econômico.
Embora relevante no campo da filosofia social, o conceito carrega uma carga ideológica que, mais uma vez, coloca em evidência a presença dominante do pensamento marxista em setores da academia brasileira.
Reificação: conceito ou bandeira?
A reificação foi formulada por Georg Lukács no início do século XX como crítica à alienação provocada pelo capitalismo. Na visão do filósofo húngaro, o trabalho humano torna-se uma mercadoria entre outras, desprovido de subjetividade. O mesmo raciocínio ecoa nas obras da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Marcuse), que ampliam a crítica para os domínios da cultura e da racionalidade moderna.
A abordagem do curso segue essa mesma linha, atualizada por intelectuais como Azmanova, que analisa os efeitos da globalização e da financeirização no mundo contemporâneo. Ainda que sejam autores importantes, todos compartilham de uma matriz teórica comum: o marxismo e suas derivações.
Pois bem!
As perguntas que não querem calar, e não pagam impostos, ainda:
E os contrapontos?
A ausência de pensadores fora do eixo crítico-marxista levanta uma questão recorrente: a universidade pública brasileira tem promovido o pluralismo de ideias ou a reprodução de uma única corrente de pensamento?
Autores como Karl Popper, crítico severo do marxismo e do que chamou de “falácia da reificação”, Isaiah Berlin, Eric Voegelin ou Raymond Aron, que ofereceram alternativas teóricas robustas, continuam praticamente ausentes de eventos acadêmicos como este. A tendência à homogeneização ideológica, além de empobrecer o debate, fere o princípio da neutralidade acadêmica, especialmente em instituições públicas financiadas pela sociedade como um todo. Né?!
Crítica ou catequese?
Há uma tênue linha entre discutir criticamente um autor e usá-lo como referência indiscutível. Quando essa linha é cruzada, o espaço acadêmico corre o risco de se transformar em um ambiente de catequese ideológica e não de formação crítica plural.
O problema não está em estudar Marx, Lukács ou Horkheimer, o problema está em não estudar mais nada além deles.
A função da universidade deveria ser justamente o oposto: fomentar o confronto de ideias, estimular o dissenso e abrir espaço para visões diversas sobre temas complexos como economia, política e filosofia social. Ou não?!
Autor(a): BZN