Enquanto 105 drones ucranianos eram interceptados no espaço aéreo russo na madrugada dessa terça-feira (6), a comitiva presidencial brasileira voava para o Dia da Vitória em Moscou, sob o regime de Vladimir Putin. O presidente Lula da Silva (PT) está acompanhado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-PA), e do deputado Elmar Nascimento (União-BA), que representa o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que usou um pouco de decência e desistiu desse glorioso LulaTour.

A presença brasileira se dá em um contexto de tensão crescente. Moscou amanheceu sob o impacto de uma onda de ataques com drones, que obrigaram o fechamento de 13 aeroportos, incluindo todos os quatro da capital, e causaram danos em áreas residenciais e rodovias. Os voos foram suspensos como medida de segurança, segundo autoridades russas. Em Borisoglebsk, na região de Voronezh, um playground pegou fogo após a queda de um drone; 18 foram abatidos apenas nessa área, segundo o governo local.

A decisão do governo Lula de participar do evento ao lado de líderes sob sanções e acusações de autoritarismo levanta críticas no Brasil e no exterior. Para opositores, a viagem expõe o país a desgastes diplomáticos e transmite uma ambiguidade política em tempos de guerra. Para o Planalto, trata-se de uma postura de “neutralidade ativa” e de busca por diálogo multilateral.

Mas, em meio aos drones, bombas e sirenes, o que era para ser um gesto de presença diplomática pode se transformar em símbolo de imprudência geopolítica, ou, ao menos, em um desconfortável álbum de fotos para a história.

Autor(a): BZN