Na paisagem histórica de Mossoró (RN), o nome Sebastião Fernandes Gurgel ocupa lugar de destaque não apenas por sua atuação como empresário e banqueiro, mas também por seu legado como cronista da vida cotidiana do sertão potiguar. 

Sebastião nasceu na Fazenda Baixa Fria, em Caraúbas, em 1889, e chegou a Mossoró em 1910. Em 1942, fundou a Casa Bancária S. Gurgel, o primeiro banco privado do município, que contribuiu muito para o desenvolvimento econômico local. Além disso, ele criou um empório de tecidos que abastecia não só Mossoró, mas também cidades do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

Casado com Elisa da Rocha Gurgel, Sebastião teve seis filhos, entre eles Judilita, mãe de Eliete Gurgel Rocha, que se uniu em casamento a Nevaldo Rocha, fundador da Guararapes, controlador da Riachuelo, uma das maiores redes varejistas do Brasil. Era bisavô materno dos irmãos Lisiane, Élvio e Flávio Rocha, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Guararapes,

A trajetória de Sebastião foi resgatada em uma bela e detalhada reportagem da jornalista Marina Gadelha, publicada na edição de junho de 2015 na Revista BZZZ. 

Muito além de banqueiro, Sebastião era um observador atento do seu tempo. Por mais de 50 anos, manteve um diário manuscrito, no qual registrava chuvas, colheitas, variações de preços, acontecimentos políticos e culturais. Essas anotações, cuidadosamente organizadas, tornaram-se uma rica fonte histórica, transformadas em seis volumes por Obery Rodrigues, ex-bancário e estudioso da economia potiguar.

A matéria da BZZZ revela também a construção do “Catetinho”, sua elegante casa na Praça Bento Praxedes, erguida em 1918; sua meticulosidade com contas e registros; e a importância que dava à palavra escrita. O banqueiro viu, viveu e documentou transformações profundas em Mossoró e no sertão potiguar, de crises econômicas a invasões de cangaceiros, como a tentativa de Lampião e seu bando de tomar a cidade em 1927.

Autor(a): BZN