10 MAI 2025
A decisão do presidente argentino Javier Milei de firmar um acordo com os Estados Unidos para a instalação de uma base naval em Ushuaia, na Patagônia, marca um novo capítulo na crescente militarização do Atlântico Sul.
Oficialmente destinada a fins logísticos e de apoio a operações antárticas, a estrutura contará com suporte direto do Comando Sul dos EUA, simbolizado pela presença da general Laura Richardson na entrega de uma aeronave C-130H durante a cerimônia de lançamento. Há quem observe que o gesto vai muito além da logística: representa um realinhamento estratégico da Argentina aos interesses de Washington, especialmente em um momento de disputa global por recursos como o lítio e por influência no Hemisfério Sul.
A iniciativa argentina não está isolada. Informações divulgadas pelo portal ForçaNet apontam articulações discretas por parte de diplomatas ligados ao entorno de Donald Trump para retomar o uso da Base Aérea de Natal (RN) e do aeroporto de Fernando de Noronha. As alegações se baseiam em um “direito histórico de retorno operacional” fundamentado nos investimentos norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, quando o Brasil cedeu espaço para uma das mais importantes bases militares fora do território dos EUA: a lendária Parnamirim Field, nos arredores de Natal.
A história oferece pistas sobre o interesse duradouro das potências na região. O historiador Rostand Medeiros já documentou episódios como a passagem do cruzador confederado CSS Alabama pelo litoral potiguar durante a Guerra Civil americana e, mais tarde, o possível reabastecimento do navio corsário alemão SMS Möwe em Tourinhos, durante a Primeira Guerra Mundial. Mas foi durante a Segunda Guerra que a presença dos EUA se consolidou de forma institucional e profunda.
Hoje, esse passado retorna com novos contornos. A costa brasileira não é apenas estratégica por sua posição geográfica, mas também por abrigar cabos submarinos cruciais para o tráfego global de dados e comunicações. O Atlântico Sul deixou de ser apenas um oceano de passagem e tornou-se, novamente, uma questão de geopolítica, com potências como Estados Unidos e China em cena.
Há que atentar-se!
Autor(a): BZN